quinta-feira, 27 de setembro de 2007

QUEM MATOU TAÍS?*

Lá para os idos de 1990, Renan Calheiros era um fiel escudeiro de Fernando Collor. Lembro que ele chamava atenção pelo cabelo sempre despenteado. Era uma figura estranha, vivendo na sombra do poder.
Foi eleito senador pelo estado de Alagoas em 1994 e reeleito em 2002. Quando do impeachment, fazia parte da "tropa de choque" que defendia Collor.

Collor se foi, mas Renan ficou. E aprendeu como poucos a navegar no mundo da política.

Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, ocasião em que presidiu a XI Conferência dos Ministros da Justiça dos Países Ibero-Americanos, e pouco depois a reunião dos ministros do Interior do Mercosul, Bolívia e Chile.

Foi também presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran); do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda); do Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana (CDDPH) e do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp).

Em 2002, foi um dos mentores do Estatuto do Desarmamento. Chegou a Presidente do Senado Federal em 2005 e foi reeleito em 2007.

O cabelo despenteado desapareceu, a roupa melhorou, o patrimônio aumentou. E ele acabou traçando aquela tetéia que era repórter da Rede Globo. O resto já sabemos. O escudeiro transforma-se na figura central da política brasileira durante o primeiro semestre de 2007.

Surgem denúncias em cima de denúncias. Mas o cara não cai. Resiste bravamente, de tal forma que começamos a desconfiar que ele tem mais do que inocência.

Ele sabe das coisas. Ou melhor, ele sabe de coisas. Sabe tanto que pode ameaçar: - Se cair, levo um monte junto.

Esse é o risco que corre quem tem escudeiro. O escudeiro conhece as manias do príncipe, as fraquezas do príncipe, as sacanagens do príncipe. E seu conhecimento pode destruir o príncipe. Para livrar-se dele o príncipe tem que mandar
matá-lo.

Ou aceitar a chantagem.

O que assistimos nos últimos meses talvez seja um dos maiores escândalos de chantagem pública "destepaíz". Nunca antes um senador teve em suas mãos tanto poder, tanto conhecimento para causar medo.

Veja só: provoca o afastamento de Fernando Collor, que se licencia de seu mandato reconquistado depois de cumprir a pena pelo impeachment. Collor não pode votar contra seu ex-escudeiro.

Provoca a saída do país do Presidente Lula, que faz teatro do outro lado do mundo.

Destrói a carreira de Aloísio Mercadante, que mais uma vez tenta explicar o inexplicável, justificar o injustificável.

Expõe a cara-de-pau de um Romero Jucá, de um Epitáfio Cafeteira.

Deixa explícito que a mídia pode muito, mas não pode tudo.

Mancha definitivamente a imagem do Senado. É poder demais para um senador só, o que nos leva a perguntar: o que é que Renan sabe?

Eu posso imaginar. Sabe de outros senadores e deputados que usam dos mesmos expedientes que ele usou para benefício próprio. Sabe tudinho do mensalão. Sabe das negociatas para compra de votos, para mudança de legenda, para proteção de empresas devedoras frente ao fisco.

Sabe das doações de bancos e grandes empresas. Sabe de concessões de rádio e televisão. Sabe quem come quem.

Sabe dos propinodutos variados (aliás, quando é que uma CPI vai dedicar-se a esmiuçar os contratos da área de informática no governo?).

Deve saber dos acordos envolvendo as Farcs. Chavez. Fidel Castro.

Sabe de muitos outros filhos fora do casamento. Talvez Renan saiba quem matou Celso Daniel e o Toninho do PT.

Deve saber sobre os bastidores das privatizações. Conhece alguns – ou muitos – podres envolvendo as grandes estatais.

Sabe do Kia, do Boris e do Corinthians...

Renan tem o poder supremo: informação. Ele manda em quem quiser. Ele dita regras, exige apoio e faz tremer.

Renan pode tudo. E sabe que pode. Daí aquela segurança, aquela arrogância, aquele sorrisinho, aquele "abisolutamente", aquela certeza, aqueles abraços e apertos de mão inexplicáveis. Renan é o cara.

Quer saber? Eu acho que Renan sabe até quem matou a Taís.

E nós, que pensamos que sabemos das coisas e na verdade sabemos de nada? Vamos seguir a vida, bovinamente resignados e obedecendo ao supremo mandamento do novo Brasil:– Cale a boca. E compre.

Será que o Renan sabe até quando?


*Este artigo é de autoria de Luciano Pires (http://www.lucianopires.com.br/) e está liberado para utilização em qualquer meio, contanto que seja citado o autor e não haja alteração em seu conteúdo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

FAÇAM SUAS APOSTAS... O BOLÃO CHEGOU!

Estou quase um mês sem escrever. Quando perguntado sobre o jejum, penso, penso, penso e logo respondo que me faltam boas idéias para escrever. Nestas tardes de domingo, onde não se espera mais que uma modorra e uns jogos do Campeonato Brasileiro para dar uma animadinha neste clima desértico, meu silêncio produtivo foi interrompido pelo barulho do interfone. Levantei-me com certo desanimo, deixei a revista Consulex de lado (Yes, a culpa que gritava aos meus ouvidos, me compelia a ler algo um pouco mais inteligente...), abaixei o volume da TV e respondi: “Oi.”

Uma voz jovial e animada respondeu do outro lado: “Oi!!!”

Duas coisas a observar: 1) Como alguém podia estar tão animado quando estava em pleno sol das 3h com umidade do ar à 12%??? 2) Em minha cabeça passaram um turbilhão de palpites sobre a identidade do rapaz: ABV, ABA, ABC, LBV, Jovens Livres, Associação Ágape, Testemunhas de Jeová, Hospital do Câncer, Disque gás, o homem do alho, o garoto que vende desinfetante para ajudar na recuperação de aidéticos, o vizinho do primeiro andar que esqueceu sua chave, os filhos do reverendo Moon, os Correios, o meu primo, a divulgação do circo, o papai Noel, e etc...

Repliquei enquanto espiava a jogada de perigo do Palmeiras: “Sim?” A voz desconhecida prolixou (neologismos em alta...) e reperguntou: “Tudo bom?” – e minha paciência se esvaindo bufou: “Tuuudoooo”.

“Quer comprar o bolão???” perguntou. Naquela hora, não sabia se eu ria ou se respondia. Só podia ser gozação! Três horas da tarde de domingo e alguém liga em meu apartamento para perguntar se queria comprar um bolão. Com um humor melhor e um riso entremeado perguntei: “Bolão do quê?”

A resposta do rapaz me fez sentir um burro por alguns milésimos de segundos, me fez sentir um estranho, um alienígena, um desinformado. A segurança que havia sobre a voz daquele interlocutor parecia tão grande que ele me esnobara! Foi tamanha! Ao ponto de me questionar qual era aquela verdade universal que eu desconhecia, e meio que antevi ele me dando um “Dãããããããããããããããrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr” que fazíamos para o burro da sala no primário!

Eu podia ver a cena do rapaz enchendo a boca e dizendo com um orgulho napoleônico: “O bolão de quem matou a Taís!!!” Quando eu escutei isso um novo turbilhão passou na minha cabeça: Pegadinha do Faustão, Pegadinha do João Kléber, Just Laughs, Punk’d, pegadinha do Mussão, trote dos desocupados, amigo vagabundo querendo me zoar, Câmera escondida, pegadinha do Sérgio Malandro e outras porcarias mais...

Meio assustado com esse choque, esse balde de gelo nessa sauna vespertina, um jab de direita na minha cara, uma surpresa. Meio atordoado e com os olhos arregalados respondi: “Hããããaannnn, quem matou a Taís?! Ahhhh, não quero não!” e a voz ainda respondeu: “Então tá! Falou!”

Coloquei o inter
fone no gancho, voltei para o sofá, vi o Valdivia firular (Yes! Nós temos neologismos!) enquanto flutuava em meus próprios pensamentos. Durante alguns minutos pensei em tudo que acabara de ocorrer: Renan Calheiros absolvido, CPMF aprovada em primeiro turno, a índia que foi achada morta no meio do mato, as acusações sobre José Dirceu, o caso MSI-Corinthians, a lei de improbidade fiscal, as declarações lamentáveis do Presidente da República, o vôo rumo à morte em Congonhas, a violência urbana, o tráfico controlado de dentro dos presídios, o fenômeno ditatorial que preocupa a democracia dos países latinos-americanos, o aumento da carga tributário, a crise aérea, a crise na saúde, a crise na educação, a crise na segurança, o país em crise, e outros problemas a que somos submetidos.

Me supreendeu também a tranqüilidade com que o rapaz se despediu, como se o mundo se resumisse a uma novela das oito. Como se vivêssemos simplesmente aquilo! Ora, o presidente do Senado acaba de ser absolvido e nos preocupamos muito mais com o assassino da Taís? Ora, e quanto aos assassinos da democracia, da moralidade, da honestidade, da boa-fé, das instituições democráticas do nosso país!

Entanto, faço um novo bolão. Ganha quem acertar! Do your bet! Quem será o nosso próximo Presidente? Será Bebel? Será Olavo? Será a falecida Tais? Será o Lula (em seus planos chauvinistas de re-reeleger)? Será Dirceu? Será Renan??? Apostem, mas espero que não ganhem.... pelo menos não com estes nomes.



Boa noite!


OBS: Em vista disso, retiro com ressalvas o que disse no último comentário no Letras &Flores!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O ASPECTO FILOSÓFICO DO ZERO

Hoje fui perguntado sobre uma questão matemática. Veja bem.... eu faço Direito e em decorrência desta letargia de minha habilidade matématica, tenho tido dificuldade até mesmo em contas de padaria. Veja só a questão: "Pq 0 (zero) não é neutro e é par se eu não posso dividi-lo??"

Bom...nem me atentei se a parte assertiva da questão estava certa, me adiantei a responder:
"Porque sendo ele a representação matemática do niilismo, entende-se logo que é a abstração representativa da coletividade numérica, uma vez que não representa um número, mas uma ficção para representar a própria inexistência de quantidade. Apesar de não ser uma quantidade palpável, ele é o parâmetro para a lógica numérica que, tomando-o como ponto de partida, os algarismos se expandem para a bilateralidade contraposta entre os conceitos de positivação e negativação.
Desta forma, ele sempre está espargido dentre a universalidade numérica, representando uma parte ficcional e transcendental de um limiar entre o positivo e o negativo, sendo então uma parte do todo e o todo é sempre divisível segundo o pensamento filosófico clássico.
Logo, o zero limiar transcendente e ficcional é também divisível em sua essência por razões de verticalidade deste indivíduo com o sistema numérico que participa."


Matematicamente seria um "zero", mas a persuasão foi boa, não foi?!


Boa noite!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O CONTO



Daí-me um segredo
que lhe conto um conto,
de histórias inacabadas e
seres fantásticos.

Quem revela um segredo
faz confidências de si.
fragmentos do “eu”
espalhados pelo chão.

Quem de si muito diz
acaba não gostando
do final da história
com sua nudez exposta.

Ir-me-ei fechar?
Em uma masmorra
Para o mundo?
Para a vida?

Guardo-me dos erros
meus, seus e alheios.
De bocas que contam
contos de minha nudez.

Boa noite!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

MINISTRO EROS GRAU COMENTA EM VOTO, O PAPEL DA IMPRENSA E A INDEPENDÊNCIA DO JUIZ.

Vale a pena ler o voto do Exmo. Ministro:


Tenho reiteradamente afirmado, inclusive nesta Corte, em votos anteriores, o que aprendi com o jusfilósofo argentino Enrique Mari: o discurso da ordem abrange o lugar da racionalidade --- a lei --- e o lugar do imaginário social como controle da disciplina das condutas humanas e da sua sujeição ao poder.

A racionalidade, veiculada pelo direito positivo, direito posto pelo Estado, pretende dominar não apenas os determinismos econômicos, mas também os arroubos emocionais da sociedade, inúmeras vezes insuflados pela mídia. Afirmei-o há alguns anos, em artigo que escrevemos, o Professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo e eu, para ser publicado na revista Teoria Política, dirigida por Norberto Bobbio. Condenam-se pessoas mesmo antes da apuração de fatos.

Nunca me detive em indagações a respeito das causas dos linchamentos consumados em um como que tribunal erigido sobre a premissa de que todos são culpados até prova em contrário. Talvez seja assim porque muitos sentem necessidade de punir a si próprios por serem o que são.

A imprensa livre é por certo indispensável à plena realização da democracia. Por isso ela há de ser necessariamente imune à censura. Para que possa esclarecer a sociedade, a quem deve servir, mesmo porque o titular da imunidade à censura é povo, não o proprietário do veículo. A alusão que aqui faço a determinados desvios, bem determinados, evidentemente não pode ser tido como desconsideração ou menosprezo, de minha parte, do papel fundamental desempenhado pela imprensa na democracia. Reporto-me a desvios cuja substancialidade não pode ser negada.

Mas não me cabe tratar dessa patologia na formulação do nosso imaginário. Aqui devo cumprir o meu dever, preservando minha independência, expressão de atitude firme e serena em face de influências provenientes do sistema social e do governo. Independência que permite ao juiz tomar não apenas decisões contrárias a interesses do governo --- quando o exijam a Constituição e a lei --- mas também impopulares, que a imprensa e a opinião pública não gostariam que fossem adotadas.

A questão da legitimidade do exercício da função jurisdicional envolve a consideração daqueles dois planos, o da racionalidade da lei e o do imaginário social, cabendo sim ao magistrado, no Estado de direito, considerar as manifestações desse imaginário, sem, contudo, permitir que a ética da legalidade seja tragada pela emoção coletiva, que pode conduzir não apenas aos linchamentos, mas à indiferença face ao desprezo autoritário pelos chamados direitos fundamentais. Para isto existem os princípios e as regras jurídicas, para assegurar que o devido processo legal seja observado também quando o reclame quem não mereça a nossa simpatia.

A sociedade e mesmo a imprensa não o sabem, mas o magistrado independente é autêntico defensor de ambos. É mercê da prudência do magistrado independente que não resultam tecidas plenamente, por elas mesmas, as cordas que as enforcarão, as elites e a própria imprensa.




Boa noite!

PORQUE ESSA ANGÚSTIA? PORQUE ESCREVEMOS!

Estas idéias que no profundo silêncio ecoam vorazmente, esta angústia tétrica que com seus tentáculos nos arrastam até o computador e nos pedem para escrever, essa percepção de mundo que temos e nos faz diferentes de todos, incompreendidos, sozinhos, angustiados e, mesmo com tantas pessoas ao redor, ainda parece que estamos morrendo de solidão(!)...

Ora, as estrelas das janelas dos escritores não são só estrelas, são confidentes que alinham pensamentos em suas órbitas. A brisa da madrugada é um refresco em cabeças que fervilham de idéias mil. A música de fundo é um acalento psicoativo que nos embriaga em idéias desconexas e poderosas a espera de sua liberdade... é aí que a contradição deixa de existir, e o que é mais poderoso se torna o mais cativo, o mais prisioneiro, o mais difícil de sair.
Seremos pedantes ao escrevermos sobre nós mesmos?! Metidos em nossos próprios egos?! Gloriaremos-nos em nossa própria angústia?! De forma alguma. Apenas compartilhamos o que corações apaixonados e dedos compulsivos fazem em madrugadas sem fim.

Em meio a estas noites, que contam histórias audíveis em nossas mentes, que nos revelam desde jargões de auto-ajuda até divinas revelações, está um mundo de mundos particulares e profundos. Lugar onde só os escritores conhecem, só as estrelas compartilham e só Deus está.


Boa noite...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

POR QUE ESCREVEMOS?

Por que escrevemos? Será mera necessidade de explicar o que a nossa língua não permite ou será, na solidão, uma forma de conversar sozinho? Não sei por que eu escrevo. Tampouco sei por que essa compulsão de textos bate a minha porta e pedem publicidade em um fotolog que (atualmente, pois nem sempre será assim...) relativamente vazio e tido como uma perda de tempo por muitos. Uma perda divertida a meu ver. Pelo menos para mim....

Mas nem tudo nessa vida se explica. Alguém pode me explicar a tristeza dos dias chuvosos? Por que eles são tão tristes? Serão dias que acordam magoados com algo? Serão corações partidos que derramam lágrimas neste mundo de seres diminutos? Serão consolo para conosco? Lágrimas derramadas por um mundo que chora pela maldade humana? Dias que choram são inexplicáveis.

Escrever também é inexplicável, é remédio para alma. Remédio com doses certas. Se tomarmos um pouco, parece que ficamos com uma dúvida sobre nós apontando para um vazio não identificado dentro do corpo textual. Se tomarmos demais, parece que fizemos uma baderna, uma desordem, um ser estranho como um ogre. Se tomarmos o remédio errado, ficamos mal e (uma observação importante) acabamos tristes, tristes, tristes. Se tomarmos o remédio certo, então atendemos a essa nossa necessidade de conversarmos com o papel (ou com o Word neste mundo tão estranho....) e expormos o que quisermos.

Falemos de política, de esporte, de cultura, de sentimentos, de romances, suspenses, mas acabamos falando. Respondemos a perguntas que ninguém fez, falamos quando ninguém pediu para escutar, tomamos a palavra sem pedir e para universos variados expomos nossas filosofias e pontos de vistas particulares.

Estes dias que choram, estes papeis que falam e estes pensamentos que me atacam são igualmente misteriosos, como ontem disseram que eu sou. Quem escreve pode ser misterioso? Sempre pensam que escrevemos sobre nós. Pensam que nossos poemas são experiências vividas. Engana-se: Quem escreve não faz auto-biografia, quem escreve é repórter por natureza e por excelência. Recebe poderes para escrever sobre o que lhe apareça. Os corações partidos e as alegrias dos poemas nem sempre são do escritor; podem ser o do melhor amigo, do rapaz da padaria, dos personagens fictícios, do filme da semana passada, ou o seu que lê agora. Por que escrevemos? Por que?
(Este texto foi escrito diretamente de Bay Smooth, onde o rio corre ao som de John Mayer, a noite chora levemente e o vento sopra o clima de montanha...)

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

DICA AOS MACHOS

Uma dica à todos os homens: Em se tratando de relacionamentos, sempre duvide de uma mulher cujo fotolog é todo cor-de-rosa com links cor lilás e que tem compulsão por tirar fotos de si mesma. Essa narcisista tem cheiro de problema!
De minha autoria!

(Se vc não reconhecer uma garota desta espécie, olhe a foto ao lado e faça uma rápida exclusão mental acerca de todas suas amigas que ela te fez lembrar.)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O PECADO OCULTO

Este esquálido esquema
Esquadrinhando minha mente
Mentindo incessantemente
Incendiando meus desejos.

Sentindo as sinuosidades
Sutis e dolorosas
Draconianos esforços
Elevando meu espírito.

Lutando lucidamente
E ratificando a resistência
Ao pecado que paira
Neste mundo misterioso

terça-feira, 7 de agosto de 2007


NOSSA AMIGA, A COCA-COLA GELADINHA!

Coca-Cola é a cerveja de crente. Quem poderá dizer que a cevada faz falta se a coca-cola geladinha é um primor das bebidas?! E quem poderá arranjar algo mais irresistível de se beber nas calorentas tardes dominicais de setembro?! Ora, que grande coisa nós temos! A coca-cola e sua atração surpreendente! Este, que mais parece um comercial de revistas baratas, na verdade é um elogio ao mal compreendido refresco que por parte de alguns é execrado sob alegações de ser um eficaz desentupidor de pia.

Lembro-me de peças processuais dificílimas que me eram postas na labuta advocatícia, diante das quais eu respondia sem titubear: “essa só sai com uma coca geladinha do lado!”. Frase que pode ser substituída a medida que as profissões variam adequando-a a realidade profissional de cada um. Um arquiteto, por exemplo: “Esse projeto só sai com a Coquinha Gelada!”. Um peão de rodeio: “Só encaro esse touro depois de uma coquinha!”. Um psicólogo: “Só atendo este doido depois de uma coca!”. jogador amador e assim por diante....

Assim, uma grande homenagem à este refrigerante delicioso! À esta companheira dos suados jogadores de pelada! À esta recompensa depois do dia de trabalho! À esta bebida que celebra as reuniões dos irmãos! Esta querida... “coquinha gelada”!

Boa noite!

terça-feira, 31 de julho de 2007

CONFIDÊNCIAS EM BAY SMOOTH

Quando o sol se vai, naquele fim do mundo chamado “horizonte”, eu também me vou. Ora, o sol se esconde e manda a Lua em seu lugar para brilhar nas nossas noites. E, porque a lua é tão fria? Naquele seu olhar gélido que encobre a vastidão do céu negro como se olhasse a tudo. Nestes dias de luas cheias, que as estrelas se escondem, deixando-me só com o astro-satélite. O Sol se foi e parece não voltar nesta Bay Smooth de noites longas e adoráveis. O sol se foi, mas a água do mar que corre em frente de casa é quente como se ele estivesse aqui. Esta lua cheia, cheia de confidencias, que da varanda da minha casa não canso de contar. Esta lua fria, que me promete não fofocar sobre os segredos inocentes das longas noites de Bay Smooth.

sábado, 28 de julho de 2007

A CRÔNICA DO AMOR CÍCLICO

O amor é cíclico, dá voltas e pára. Continua a andar e por fim pára. Sem dissertações sobre o amor. Sem Camões e estas baboseiras, a vida é mais surpreendente que imaginamos. Ela é mais ou menos assim:

Pedro amava Joana, aquela que usava óculos impenetráveis, espessos, feios. Na verdade, nem sempre foi assim. Antes Pedro não gostava de Joana, porque seus amigos diziam que ela era feia demais e super desengoçada nas aulas de educação física. Pedro não costumava "curtir" dos tropeções que ela levava enquanto jogava queimada, mas também, quando perguntado sobre ela, rebatia com uma rude esquivada: “Eu?! Que eu o quê, rapaz?! Tá achando que eu namoro menina feia?! Sai fora!”. No fundo, no fundo, alguma coisa chamava a atenção de Pedro.

Joana, por sua vez, venerava Gustavo. Ora, naquela pré-adolescência digna de novela infantil argentina, todas amavam Gustavo. Aquele corpinho pueril que de forma esguia passeava em meio ao pátio do “Alfredão” (Colégio Professor Alfredo Godoy), se exibindo para as meninas que suspiravam a palavra “príncipe, príncipe, príncipe...”, enquanto seus corações batiam dizendo “encantado, encantado, encantado...”. Gustavo era o cara. Na verdade era um “carinha”, pois quem aos 9 anos de idade está livre dos execráveis diminutivos? Gustavo e sua gangue passeavam pelo colégio, ele na frente com a cara de esnobe, deixava um olhar gélido a todas as meninas que não lhe interessava. Exceto uma: Jussara.

Jussara. O que seu pai não havia poupado em feiúra no cartório de registro (e ela era super complexada com seu nome, daí o apelido “Ju”) a natureza a havia agraciado com uma beleza descomunal. Jussara era linda. A lógica dizia que todos os meninos deviam querê-la como namorada, mas não era bem assim. Essa parada de “estar a fim” não era muito recíproca na nossa época, as meninas tinham suas pretensões amorosas, mas nós, os meninos, tínhamos outras... outras que eu não saberia dizer se eram elevadas ou rejeitáveis. Nossa preocupação era jogar bola, álbuns de figurinha do Campeonato Brasileiro, um novo joguinho do Super Nintendo e coisas do tipo. Nem pensávamos em namorar. Ou pensávamos. Mas sempre que gostávamos de uma menina, a nossa gangue pré-adolescente começava a curtir e dizer: “Ihh, tá namorando! Tá de namoradinha! Vai lá dar um beijinho!” e se explodiam em gargalhadas, enquanto o tolinho apaixonado se derretia em vergonha.

Passaram alguns anos, na verdade não passaram. Os anos vieram. Jussara, a menina linda como ninguém, cresceu e seu cabelo loiro ficou acastanhado, seus dentes perfeitos deram lugar ao aparelho que invadia sua boca como um intruso. Seu narizinho, que era lindo aos 8 anos, agora ficara bem esquisitinho aos 18 e sua voz, que era digna de Balão mágico, se tornara rouca e metálica. Era uma pena de menina. Mas passados (ou chegados) 6 anos, se casou com um bom rapaz, até simpático, bancário.

Gustavo, o príncipe do Alfredão ainda continuava um rapaz bonito, mas acabara trocando seus comparsas por outros mais atentados. Aos 19 anos, engravidara uma menina de sua rua, fora forçado a morar com ela, mas as coisas não deram muito certo. Passados três anos, eles terminaram e cada um foi para seu canto. Ele se mudou para Trancoso, e com algumas economias e uma pequena herança de seu pai, construiu uma pequena pousada.

Joana?! Joana trocou seus óculos antigos por um par de lentes de contato, poupando-a de vergonhas em seus melhores anos. Talvez porque fosse complexada quando pequena, a recatada Joana não tinha muitos amigos. Poucas amigas, mas boas e confidentes. Não era tão inteligente, mas seu esforço compensava. Prestou vestibular para Psicologia e passou. Pela sua dedicação, acabara se destacando como aluna. Não era mais empolgada com estes amores de novela das oito e pensava que seu marido estaria a kilômetros de distancia dali. Mal sabia que estava muito próximo...

Do outro lado da rua, oposto ao prédio que abrigava os cursos de Psicologia, Fisioterapia, Enfermagem e uma meia dúzia de outros, estava o prédio de Engenharia. Na sala 405, estava Pedro, que se interessava em Joana, mas cujo sentimento foi superado quando conheceu Marta. Mas Marta não era a cobertura do seu bolo. Todos diziam, eles negavam, mas um dia não deu... perceberam que não davam certo mesmo. Acabaram quando Pedro estava terminando o curso de Engenharia. Justo no último semestre, Pedro havia resolvido comer cachorro-quente em uma barraca do outro lado da rua. “Barraquinha do Seu João”, que sempre conversava com Joana, pois ela diariamente esperava seu pai ao lado daquele Hot Dog de letreiro vermelho, branco e verde em homenagem ao Fluminense do Seu João.

Daí, num dia. Num destes dias que não se espera nada. Pedro, experimentando o cachorro-quente naquela lanchonete ambulante, viu aquela figura familiar vindo em sua direção. Joana, sem óculos fundo-de-garrafa, parecia mais bonita que Jussara em seu auge, mais bonita que Marta e mais bonita que o restante da população feminina. Fingindo estar compenetrado em seu cachorro-quente, espreitou aquela figura feminina que infelizmente não o reconhecera. Não hesitou, foi cumprimentar. Ela surpresa. Ele surpreendido. Saíram algumas vezes e descobriram que era a cobertura ideal para seu bolo e vice-versa. Era a batata do bacalhau. As alcaparras do badejo. Pedro que na infância esquivava de qualquer coisa que o ligasse a Joana, a pediu em casamento. Ela aceitou, tiveram filhos, viajaram muito e tiveram um belo futuro juntos.

O amor é cíclico, não?! Pára onde menos esperamos, parte de onde apostávamos todas as fichas, mas acaba dando voltas. E é assim. Simplesmente assim.

Boa noite!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O MUNDO DAS IDÉIAS - UMA INTRODUÇÃO




Certo dia, enquanto tomava um café (um dentre os 14 cafés diários que os trabalhadores da advocacia tomam...) e olhava as árvores na janela do escritório com pássaros cantando e a trilha sonora em minha mente tocando "As quatro estações" de Vivaldi (como nós desenhos do Pernalonga) tive um insight!

Havia alguns anos que não fazia aquilo, uma poesia! A última tinha sido para minha primeira namoradinha aos 14 anos...

A partir daí, minha cabeça começou a fervilhar com as poesias nos cafés vespertinos, alternadas com os boleros de Luis Miguel no chuveiro noturno.

Este era um texto que tentei desenvolver desde o primeiro insight, mas nunca havia conseguido. Hoje, com alguma inspiração e umas Passatempos recheadas, consegui algo.


O MUNDO DAS IDÉIAS

Elas não param. O mundo das idéias nunca param. Elas rodam e se resolvem em uma valsa interminável. Elas nunca se cansam. Desgastam-se, umas vêem, outras vão, mas elas estão sempre ali. Levantam impérios e destroem tudo. Levantam humores e destroem certos dias. Essas idéias...elas não têm jeito!!! Aliás, em certo sentido, têm. Jeitos perversos e malévolos que se contrastam com bondosos e caridosos. Ora, tantos escrevem sobre o mundo das idéias. Quantos realmente o conhecerão? Alguns, com peito estufado e boca cheia, dizem que o conhece. Como são tolos! Em um mundo como este de noticiários sangrentos e de moda mutante, ninguém o pode conhecer. Exceto Deus. Ele conhece todas as coisas. Mas quem poderá conhecer o mundo das idéias??? Quem poderá discernir o ‘eremita urbano’ do ‘cantor de chuveiro’? Nem o próprio dono das facetas o poderia. Talvez por ser algo amalgamado e indissolúvel entre fé e paixão. Talvez. De todas as formas, o mundo particularizado das idéias é mais amplo que consideramos. E o mundo coletivizado das idéias é menor que a falsa imagem de vastidão em que o temos. Ainda mais nestes dias modernos, onde as pessoas saem de fábricas para os mesmo lugares, mesmas modas, mesmas marcas, mesmas comidas, mesmas idéias, mesmo tudo. Mas ainda assim, este mundo me assombra! Realmente acho que não sou daqui...


Boa noite!