segunda-feira, 24 de setembro de 2007

FAÇAM SUAS APOSTAS... O BOLÃO CHEGOU!

Estou quase um mês sem escrever. Quando perguntado sobre o jejum, penso, penso, penso e logo respondo que me faltam boas idéias para escrever. Nestas tardes de domingo, onde não se espera mais que uma modorra e uns jogos do Campeonato Brasileiro para dar uma animadinha neste clima desértico, meu silêncio produtivo foi interrompido pelo barulho do interfone. Levantei-me com certo desanimo, deixei a revista Consulex de lado (Yes, a culpa que gritava aos meus ouvidos, me compelia a ler algo um pouco mais inteligente...), abaixei o volume da TV e respondi: “Oi.”

Uma voz jovial e animada respondeu do outro lado: “Oi!!!”

Duas coisas a observar: 1) Como alguém podia estar tão animado quando estava em pleno sol das 3h com umidade do ar à 12%??? 2) Em minha cabeça passaram um turbilhão de palpites sobre a identidade do rapaz: ABV, ABA, ABC, LBV, Jovens Livres, Associação Ágape, Testemunhas de Jeová, Hospital do Câncer, Disque gás, o homem do alho, o garoto que vende desinfetante para ajudar na recuperação de aidéticos, o vizinho do primeiro andar que esqueceu sua chave, os filhos do reverendo Moon, os Correios, o meu primo, a divulgação do circo, o papai Noel, e etc...

Repliquei enquanto espiava a jogada de perigo do Palmeiras: “Sim?” A voz desconhecida prolixou (neologismos em alta...) e reperguntou: “Tudo bom?” – e minha paciência se esvaindo bufou: “Tuuudoooo”.

“Quer comprar o bolão???” perguntou. Naquela hora, não sabia se eu ria ou se respondia. Só podia ser gozação! Três horas da tarde de domingo e alguém liga em meu apartamento para perguntar se queria comprar um bolão. Com um humor melhor e um riso entremeado perguntei: “Bolão do quê?”

A resposta do rapaz me fez sentir um burro por alguns milésimos de segundos, me fez sentir um estranho, um alienígena, um desinformado. A segurança que havia sobre a voz daquele interlocutor parecia tão grande que ele me esnobara! Foi tamanha! Ao ponto de me questionar qual era aquela verdade universal que eu desconhecia, e meio que antevi ele me dando um “Dãããããããããããããããrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr” que fazíamos para o burro da sala no primário!

Eu podia ver a cena do rapaz enchendo a boca e dizendo com um orgulho napoleônico: “O bolão de quem matou a Taís!!!” Quando eu escutei isso um novo turbilhão passou na minha cabeça: Pegadinha do Faustão, Pegadinha do João Kléber, Just Laughs, Punk’d, pegadinha do Mussão, trote dos desocupados, amigo vagabundo querendo me zoar, Câmera escondida, pegadinha do Sérgio Malandro e outras porcarias mais...

Meio assustado com esse choque, esse balde de gelo nessa sauna vespertina, um jab de direita na minha cara, uma surpresa. Meio atordoado e com os olhos arregalados respondi: “Hããããaannnn, quem matou a Taís?! Ahhhh, não quero não!” e a voz ainda respondeu: “Então tá! Falou!”

Coloquei o inter
fone no gancho, voltei para o sofá, vi o Valdivia firular (Yes! Nós temos neologismos!) enquanto flutuava em meus próprios pensamentos. Durante alguns minutos pensei em tudo que acabara de ocorrer: Renan Calheiros absolvido, CPMF aprovada em primeiro turno, a índia que foi achada morta no meio do mato, as acusações sobre José Dirceu, o caso MSI-Corinthians, a lei de improbidade fiscal, as declarações lamentáveis do Presidente da República, o vôo rumo à morte em Congonhas, a violência urbana, o tráfico controlado de dentro dos presídios, o fenômeno ditatorial que preocupa a democracia dos países latinos-americanos, o aumento da carga tributário, a crise aérea, a crise na saúde, a crise na educação, a crise na segurança, o país em crise, e outros problemas a que somos submetidos.

Me supreendeu também a tranqüilidade com que o rapaz se despediu, como se o mundo se resumisse a uma novela das oito. Como se vivêssemos simplesmente aquilo! Ora, o presidente do Senado acaba de ser absolvido e nos preocupamos muito mais com o assassino da Taís? Ora, e quanto aos assassinos da democracia, da moralidade, da honestidade, da boa-fé, das instituições democráticas do nosso país!

Entanto, faço um novo bolão. Ganha quem acertar! Do your bet! Quem será o nosso próximo Presidente? Será Bebel? Será Olavo? Será a falecida Tais? Será o Lula (em seus planos chauvinistas de re-reeleger)? Será Dirceu? Será Renan??? Apostem, mas espero que não ganhem.... pelo menos não com estes nomes.



Boa noite!


OBS: Em vista disso, retiro com ressalvas o que disse no último comentário no Letras &Flores!

Um comentário:

Anônimo disse...

Hehehe...Me divirto com suas narrativas! Fiquei imaginando a cena e, o protagonista que me vem à mente é um adovgado talibã rabugento e calorento! kkkkkkkkk
Adorei!

Adorei também a crítica. Penso a mesma coisa quanto a essa normalidade superficial que vivemos. Temos enfrentado tanta coisa e, começando do presidente, só temos atitudes alheias à real situação. Mas, quanto a essa fantasia criada, sempre tive uma opinião e, logo quero explicitá-la no Letras&Flores!

Sunção, be cool hunny! ;)

Abração!