terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

PARTIDA


Eram sete e agora são dois, de tantos que já foram, se passaram e nada mais.

Sem dizer “adeus” ou sem demora, entraram no trem para não mais voltar.

A cena recorrente que projetava na mente parecia um filme noir mudo.

Estes silêncios, que de tão expressivos eram, sinfonicamente se encaixavam com um Chopin ao fundo.

Uma cabeça encostada na janela, um olhar perdido, uma tarde fria para um coração frio; já não havia os cafés quentes de outrora.

Agora, apenas o trecho que existia entre o bilhete de embarque e a estação de destino parecia ser um martírio para eles.

O preto e branco da cena dominava a paisagem e corroia a foto que viria a ser emoldurada.

Duro trecho. Duro frio. Dura tristeza.

Apenas tinham um ao outro e, apesar dos olhares distantes, o consolo dos braços envoltos trazia-lhes uma terna esperança.