terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

PARTIDA


Eram sete e agora são dois, de tantos que já foram, se passaram e nada mais.

Sem dizer “adeus” ou sem demora, entraram no trem para não mais voltar.

A cena recorrente que projetava na mente parecia um filme noir mudo.

Estes silêncios, que de tão expressivos eram, sinfonicamente se encaixavam com um Chopin ao fundo.

Uma cabeça encostada na janela, um olhar perdido, uma tarde fria para um coração frio; já não havia os cafés quentes de outrora.

Agora, apenas o trecho que existia entre o bilhete de embarque e a estação de destino parecia ser um martírio para eles.

O preto e branco da cena dominava a paisagem e corroia a foto que viria a ser emoldurada.

Duro trecho. Duro frio. Dura tristeza.

Apenas tinham um ao outro e, apesar dos olhares distantes, o consolo dos braços envoltos trazia-lhes uma terna esperança.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quando percebi onde havia caído, em um daqueles textos seus..daqueles que me levam para a cena como um miserável observador inerte..então corri e fui escutar Chopin para ver se realmente se encaixava ao fundo, se me fazia sentir mais ainda dentro daquela cena triste e partida...e então comecei a escutar o barulho que o vento fazia no mar, as vozes misturadas das pessoas naquela estação, e o silêncio tristes dos personagens..É mais um daqueles textos seus arrebatadores, que eu estava sentindo tanta falta de ler..que me fez embarcar naquele trem...

Escute e leia ao mesmo tempo..é mágico!! http://www.youtube.com/watch?v=eGPPDV8wBOQ

Parabéns e obrigada..

miss

... disse...

Eremita...

Vim aqui seguindo a sugestão de Miss (Ler tendo Chopin ao fundo)

eu ouvi os passos na estação, eu vi tudo, impressionantemente.

O texto lhe é merecido.

Anônimo disse...

Vou ligar para o seu chefe e dizer para ele encher de serviço. Só assim, sob pressão de afazeres chatos que você se desperta e escreve...