terça-feira, 31 de julho de 2007

CONFIDÊNCIAS EM BAY SMOOTH

Quando o sol se vai, naquele fim do mundo chamado “horizonte”, eu também me vou. Ora, o sol se esconde e manda a Lua em seu lugar para brilhar nas nossas noites. E, porque a lua é tão fria? Naquele seu olhar gélido que encobre a vastidão do céu negro como se olhasse a tudo. Nestes dias de luas cheias, que as estrelas se escondem, deixando-me só com o astro-satélite. O Sol se foi e parece não voltar nesta Bay Smooth de noites longas e adoráveis. O sol se foi, mas a água do mar que corre em frente de casa é quente como se ele estivesse aqui. Esta lua cheia, cheia de confidencias, que da varanda da minha casa não canso de contar. Esta lua fria, que me promete não fofocar sobre os segredos inocentes das longas noites de Bay Smooth.

sábado, 28 de julho de 2007

A CRÔNICA DO AMOR CÍCLICO

O amor é cíclico, dá voltas e pára. Continua a andar e por fim pára. Sem dissertações sobre o amor. Sem Camões e estas baboseiras, a vida é mais surpreendente que imaginamos. Ela é mais ou menos assim:

Pedro amava Joana, aquela que usava óculos impenetráveis, espessos, feios. Na verdade, nem sempre foi assim. Antes Pedro não gostava de Joana, porque seus amigos diziam que ela era feia demais e super desengoçada nas aulas de educação física. Pedro não costumava "curtir" dos tropeções que ela levava enquanto jogava queimada, mas também, quando perguntado sobre ela, rebatia com uma rude esquivada: “Eu?! Que eu o quê, rapaz?! Tá achando que eu namoro menina feia?! Sai fora!”. No fundo, no fundo, alguma coisa chamava a atenção de Pedro.

Joana, por sua vez, venerava Gustavo. Ora, naquela pré-adolescência digna de novela infantil argentina, todas amavam Gustavo. Aquele corpinho pueril que de forma esguia passeava em meio ao pátio do “Alfredão” (Colégio Professor Alfredo Godoy), se exibindo para as meninas que suspiravam a palavra “príncipe, príncipe, príncipe...”, enquanto seus corações batiam dizendo “encantado, encantado, encantado...”. Gustavo era o cara. Na verdade era um “carinha”, pois quem aos 9 anos de idade está livre dos execráveis diminutivos? Gustavo e sua gangue passeavam pelo colégio, ele na frente com a cara de esnobe, deixava um olhar gélido a todas as meninas que não lhe interessava. Exceto uma: Jussara.

Jussara. O que seu pai não havia poupado em feiúra no cartório de registro (e ela era super complexada com seu nome, daí o apelido “Ju”) a natureza a havia agraciado com uma beleza descomunal. Jussara era linda. A lógica dizia que todos os meninos deviam querê-la como namorada, mas não era bem assim. Essa parada de “estar a fim” não era muito recíproca na nossa época, as meninas tinham suas pretensões amorosas, mas nós, os meninos, tínhamos outras... outras que eu não saberia dizer se eram elevadas ou rejeitáveis. Nossa preocupação era jogar bola, álbuns de figurinha do Campeonato Brasileiro, um novo joguinho do Super Nintendo e coisas do tipo. Nem pensávamos em namorar. Ou pensávamos. Mas sempre que gostávamos de uma menina, a nossa gangue pré-adolescente começava a curtir e dizer: “Ihh, tá namorando! Tá de namoradinha! Vai lá dar um beijinho!” e se explodiam em gargalhadas, enquanto o tolinho apaixonado se derretia em vergonha.

Passaram alguns anos, na verdade não passaram. Os anos vieram. Jussara, a menina linda como ninguém, cresceu e seu cabelo loiro ficou acastanhado, seus dentes perfeitos deram lugar ao aparelho que invadia sua boca como um intruso. Seu narizinho, que era lindo aos 8 anos, agora ficara bem esquisitinho aos 18 e sua voz, que era digna de Balão mágico, se tornara rouca e metálica. Era uma pena de menina. Mas passados (ou chegados) 6 anos, se casou com um bom rapaz, até simpático, bancário.

Gustavo, o príncipe do Alfredão ainda continuava um rapaz bonito, mas acabara trocando seus comparsas por outros mais atentados. Aos 19 anos, engravidara uma menina de sua rua, fora forçado a morar com ela, mas as coisas não deram muito certo. Passados três anos, eles terminaram e cada um foi para seu canto. Ele se mudou para Trancoso, e com algumas economias e uma pequena herança de seu pai, construiu uma pequena pousada.

Joana?! Joana trocou seus óculos antigos por um par de lentes de contato, poupando-a de vergonhas em seus melhores anos. Talvez porque fosse complexada quando pequena, a recatada Joana não tinha muitos amigos. Poucas amigas, mas boas e confidentes. Não era tão inteligente, mas seu esforço compensava. Prestou vestibular para Psicologia e passou. Pela sua dedicação, acabara se destacando como aluna. Não era mais empolgada com estes amores de novela das oito e pensava que seu marido estaria a kilômetros de distancia dali. Mal sabia que estava muito próximo...

Do outro lado da rua, oposto ao prédio que abrigava os cursos de Psicologia, Fisioterapia, Enfermagem e uma meia dúzia de outros, estava o prédio de Engenharia. Na sala 405, estava Pedro, que se interessava em Joana, mas cujo sentimento foi superado quando conheceu Marta. Mas Marta não era a cobertura do seu bolo. Todos diziam, eles negavam, mas um dia não deu... perceberam que não davam certo mesmo. Acabaram quando Pedro estava terminando o curso de Engenharia. Justo no último semestre, Pedro havia resolvido comer cachorro-quente em uma barraca do outro lado da rua. “Barraquinha do Seu João”, que sempre conversava com Joana, pois ela diariamente esperava seu pai ao lado daquele Hot Dog de letreiro vermelho, branco e verde em homenagem ao Fluminense do Seu João.

Daí, num dia. Num destes dias que não se espera nada. Pedro, experimentando o cachorro-quente naquela lanchonete ambulante, viu aquela figura familiar vindo em sua direção. Joana, sem óculos fundo-de-garrafa, parecia mais bonita que Jussara em seu auge, mais bonita que Marta e mais bonita que o restante da população feminina. Fingindo estar compenetrado em seu cachorro-quente, espreitou aquela figura feminina que infelizmente não o reconhecera. Não hesitou, foi cumprimentar. Ela surpresa. Ele surpreendido. Saíram algumas vezes e descobriram que era a cobertura ideal para seu bolo e vice-versa. Era a batata do bacalhau. As alcaparras do badejo. Pedro que na infância esquivava de qualquer coisa que o ligasse a Joana, a pediu em casamento. Ela aceitou, tiveram filhos, viajaram muito e tiveram um belo futuro juntos.

O amor é cíclico, não?! Pára onde menos esperamos, parte de onde apostávamos todas as fichas, mas acaba dando voltas. E é assim. Simplesmente assim.

Boa noite!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O MUNDO DAS IDÉIAS - UMA INTRODUÇÃO




Certo dia, enquanto tomava um café (um dentre os 14 cafés diários que os trabalhadores da advocacia tomam...) e olhava as árvores na janela do escritório com pássaros cantando e a trilha sonora em minha mente tocando "As quatro estações" de Vivaldi (como nós desenhos do Pernalonga) tive um insight!

Havia alguns anos que não fazia aquilo, uma poesia! A última tinha sido para minha primeira namoradinha aos 14 anos...

A partir daí, minha cabeça começou a fervilhar com as poesias nos cafés vespertinos, alternadas com os boleros de Luis Miguel no chuveiro noturno.

Este era um texto que tentei desenvolver desde o primeiro insight, mas nunca havia conseguido. Hoje, com alguma inspiração e umas Passatempos recheadas, consegui algo.


O MUNDO DAS IDÉIAS

Elas não param. O mundo das idéias nunca param. Elas rodam e se resolvem em uma valsa interminável. Elas nunca se cansam. Desgastam-se, umas vêem, outras vão, mas elas estão sempre ali. Levantam impérios e destroem tudo. Levantam humores e destroem certos dias. Essas idéias...elas não têm jeito!!! Aliás, em certo sentido, têm. Jeitos perversos e malévolos que se contrastam com bondosos e caridosos. Ora, tantos escrevem sobre o mundo das idéias. Quantos realmente o conhecerão? Alguns, com peito estufado e boca cheia, dizem que o conhece. Como são tolos! Em um mundo como este de noticiários sangrentos e de moda mutante, ninguém o pode conhecer. Exceto Deus. Ele conhece todas as coisas. Mas quem poderá conhecer o mundo das idéias??? Quem poderá discernir o ‘eremita urbano’ do ‘cantor de chuveiro’? Nem o próprio dono das facetas o poderia. Talvez por ser algo amalgamado e indissolúvel entre fé e paixão. Talvez. De todas as formas, o mundo particularizado das idéias é mais amplo que consideramos. E o mundo coletivizado das idéias é menor que a falsa imagem de vastidão em que o temos. Ainda mais nestes dias modernos, onde as pessoas saem de fábricas para os mesmo lugares, mesmas modas, mesmas marcas, mesmas comidas, mesmas idéias, mesmo tudo. Mas ainda assim, este mundo me assombra! Realmente acho que não sou daqui...


Boa noite!