segunda-feira, 13 de julho de 2009

À DERIVA

Quando os tempos estiverem difíceis e o peso em suas costas for maior do que podes carregar, vá para o mar. Escolha um fim de tarde sem escolhê-lo. Faça o sem critério ou não faça nada; apenas vá. Pise lentamente na areia da praia e desfrute a graciosa massagem em seus pés. Respire fundo – quantas vezes necessárias – e sinta o cheiro da maresia entrar em suas narinas. Abra os braços e celebre a liberdade, a sua alforria temporária dos fantasmas que lhe aflige.

Ande com um passo após o outro rumo ao mar; por mais óbvia que seja esta explicação, ande com uma crescente felicidade, até que a efusividade se choque com as ondas. Pegue as pequenas conchas e observe suas nuances, até se satisfazer com a beleza dos fragmentos do mar.

Entre no mar e receba cada uma das ondas como o abraço acolhedor de um velho e saudoso amigo. Grite de alegria, ou dance; esqueça que existem outras pessoas ao seu redor e se valorize neste universo particular. Calmamente, deixe seu corpo flutuar sobre as águas como um navio a deriva, permitindo-se levar pelas ondas. Cantarole uma música, ou apenas a lembre em sua cabeça. Recorde os momentos bons de sua vida, bons amigos, boas festas, boas coisas. Deixe ser, esqueça dos paradigmas e conceitos a serem mantidos, das grandes construções morais e pense no simples, no óbvio, no céu que cobre a vista como um leve e suave manto anil. Apenas. As penas. Agora. As gotas que saltitam em um mar de infinitos.

Ainda lembre que se os fantasmas quiserem acabar com o rito informal do momento, esqueça-os e deixe-se estar à deriva.

5 comentários:

Mariana disse...

Que linda colocação! Traz uma tranquilidade, uma vontade, uma saudade de voltar aqueles tempos de ferias no mar e aproveita-los melhores. Cantarolando uma musica de Paripueira.

Te amo!
Mariana.

miss demoiselle disse...

De uma simplicidade bonita e um envolvimento magnífico. Tocou-me profundamente. Esqueci-me já o que é descansar. Preciso estar à deriva.

Obrigada mesmo...
Grande abraço.

miss

miss demoiselle disse...

enquanto lia, muitos sentimentos me inundaram, imaginei, flutuei... mas, por ser o que minha alma e meu corpo precisam no momento, eu não consegui comentar tudo o que vivi enquanto lia...

então eu me peguei cobrando de mim mesma...depois eu pensei comigo que o importante é viver o que o Eremita escreveu...deixar ser conduzida pelas palavras dele...e esquecer, por um momento que seja, até das palavras do comentário.

Repito: magnífico!

João Romova disse...

...

[passei à deriva por aqui...]

...

[talvez eu aproveite que estou no RJ para fazer isso]

Sandra disse...

Filho amado,
Suas belas palavras vieram para aquecer meu coração de tranquilidade e paz.
Hoje a minha vontade seria desfrutar de um momento como esse.
Você é sensacional!
Beijos!
Mamãe.