Quando os tempos estiverem difíceis e o peso em suas costas for maior do que podes carregar, vá para o mar. Escolha um fim de tarde sem escolhê-lo. Faça o sem critério ou não faça nada; apenas vá. Pise lentamente na areia da praia e desfrute a graciosa massagem em seus pés. Respire fundo – quantas vezes necessárias – e sinta o cheiro da maresia entrar em suas narinas. Abra os braços e celebre a liberdade, a sua alforria temporária dos fantasmas que lhe aflige.
Ande com um passo após o outro rumo ao mar; por mais óbvia que seja esta explicação, ande com uma crescente felicidade, até que a efusividade se choque com as ondas. Pegue as pequenas conchas e observe suas nuances, até se satisfazer com a beleza dos fragmentos do mar.
Entre no mar e receba cada uma das ondas como o abraço acolhedor de um velho e saudoso amigo. Grite de alegria, ou dance; esqueça que existem outras pessoas ao seu redor e se valorize neste universo particular. Calmamente, deixe seu corpo flutuar sobre as águas como um navio a deriva, permitindo-se levar pelas ondas. Cantarole uma música, ou apenas a lembre em sua cabeça. Recorde os momentos bons de sua vida, bons amigos, boas festas, boas coisas. Deixe ser, esqueça dos paradigmas e conceitos a serem mantidos, das grandes construções morais e pense no simples, no óbvio, no céu que cobre a vista como um leve e suave manto anil. Apenas. As penas. Agora. As gotas que saltitam em um mar de infinitos.
Ainda lembre que se os fantasmas quiserem acabar com o rito informal do momento, esqueça-os e deixe-se estar à deriva.
5 comentários:
Que linda colocação! Traz uma tranquilidade, uma vontade, uma saudade de voltar aqueles tempos de ferias no mar e aproveita-los melhores. Cantarolando uma musica de Paripueira.
Te amo!
Mariana.
De uma simplicidade bonita e um envolvimento magnífico. Tocou-me profundamente. Esqueci-me já o que é descansar. Preciso estar à deriva.
Obrigada mesmo...
Grande abraço.
miss
enquanto lia, muitos sentimentos me inundaram, imaginei, flutuei... mas, por ser o que minha alma e meu corpo precisam no momento, eu não consegui comentar tudo o que vivi enquanto lia...
então eu me peguei cobrando de mim mesma...depois eu pensei comigo que o importante é viver o que o Eremita escreveu...deixar ser conduzida pelas palavras dele...e esquecer, por um momento que seja, até das palavras do comentário.
Repito: magnífico!
...
[passei à deriva por aqui...]
...
[talvez eu aproveite que estou no RJ para fazer isso]
Filho amado,
Suas belas palavras vieram para aquecer meu coração de tranquilidade e paz.
Hoje a minha vontade seria desfrutar de um momento como esse.
Você é sensacional!
Beijos!
Mamãe.
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